sábado, 26 de dezembro de 2015

Encarnação e toque












                A encarnação do Emanuel em Jesus é no Sentido teológico necessária e o  fundamento para a realização do serviço vicário da trindade por intermédio do Cristo. Em um aspecto ontológico, a encarnação satisfaz a sede e a ansiedade de conhecimento do divino; de duas formas ela satisfaz e provoca efeitos distintos: Primeiro nos crentes, concede sentido que transforma a mera existência ao acaso em vida e nutre de esperança a alma inquieta que outrora apenas esperava, e, agora, arde em esperança. Já nos descrentes, a satisfação é inversa, é uma interrogação que se assume agora como repúdio, algo que corrói por dentro a alma a em sua tentativa de de autonomia e gestão da própria história... Porque a Palavra  da cruz é loucura para os que perecem (pelo não crer); mas, para nós, que somos salvos é o poder de Deus. 1co. 1:18._ seus efeitos enquanto que  nos primeiros promove uma busca pelo encontro, nos outros, por fuga. Conscientemente ou não.
                Mas é num sentido que extravasa a teologia e que é também excedente às funções vicárias de Cristo, que podemos encontrar aspectos manifestos na encarnação que muito aquecem o corações daqueles que experimentam ou a tomaram conhecimento pela fé. Refiro-me sobremaneira ao toque do Deus encarnado. O toque de Jesus Cristo rompe uma tradição sagrada sustentada por séculos e tida como padrão de pureza sócio-religiosa; Jesus ressignifica essa tradição ao redefinir o próprio entendimento do sagrado.Tendo sido outrora proibido qualquer contato com os impuros, maculados e manchados pelo pecado ritual em Cristo, o sagrado através de Jesus é o sacrifício (sacro-ofício, serviço santo) em favor de restaurar os enfermos indesejáveis do isolamento social e da igreja, assim sendo, do próprio Deus quando a entendemos igreja como o "braço esquerdo" de Deus em ação no mundo. 
                O toque de Jesus regenerador e de resgate à vida é visto de maneira farta nas Escrituras. Curando enfermos legalmente impuros, leprosos, Mateus 8. 2,3, Cegos, 20. 34, Surdos, Marcos 7. 33. e endemoninhados, Mateus  9. 32-35.  Em outras passagens o toque das pessoas em Jesus ou mesmo na orla de suas vestes realiza as mesmas maravilhas, Mateus 9. 21, 14. 36, Marcos 3. 10, 6. 19. Até mesmo seus discípulos tomados de pânico receberam o toque milagroso de Jesus, Mateus 17. 7.
                 Muitos são os exemplos impressionantes de Jesus invadindo e iluminando o 'limbo' daqueles que estavam fadados ou mesmo literalmente, já habitavam o seio da morte. Mas diante daqueles que não só estavam imersos nesse excludente sistema ritual, mas o mantinham, o Templo, o Sinédrio, o Reino de Israel, e até mesmo Roma, Jesus lhes pareceu entretanto, um adversário perigoso.  Mesmo considerando o viés teológico que o ministério de Jesus provocava, toda a mudança que seus atos e palavras impunham sobre esse mesmo sistema, a transformação chocante que seus  líderes recebíam e precisavam oferecer resposta que contemplasse as demandas do Messias, ainda assim, tudo isso não pode ser determinante para uma compreensão de Jesus como inimigo. O temor por parte dos líderes estabelecidos de ver desmoronar toda a estrutura de poder que os alimentava estava centrado em seus próprios interesses, e, todos eles, foram desvelados por Jesus.
                 Quando Jesus Cristo toca pecadores, é como se, e isso não tem nenhum caráter teológico, além do milagre da encarnação comunicado, quisesse dizê-lo _"eu mais que amo a você, e o meu amor se faz maior, mais intenso, tanto em mim quanto em você, quando nos encontramos de forma palpável". O toque põe mais cores de humanidade sobre a humilhação encarnada na divindade que escolheu se esvaziar, e mais brilho de expectativa pelo incorruptível naqueles que tocados, agora vivem por fé e  não por vista.
                Minha ardente oração é em favor de que você que já foi tocado pela graça salvadora que Cristo trouxe ao mundo continue crescendo no amor e na busca do conhecimento do Ser de Deus tão presente e real em sua Palavra, que O Santo Espírito o fortaleça a vencer todos os obstáculos à sua fé, e o suporte em todas as situações difíceis e de dor , e, que o testemunho do próprio Jesus o inspire a imitá-lo e aceitá-lo como o timoneiro de sua vida hoje e sempre. Oro também em favor daqueles que ainda não receberam o contato regenerador de Cristo, desejando lhe o melhor e mais sublime que conheço e experimentei, e não posso nem devo contingenciá-lo como posse exclusiva, o toque do Cristo que desceu à humanidade para manifestar o incomparável amor de Deus; que o Espírito Santo o impulsione a buscar  ao Senhor, e que essa busca seja motivada pela  esperança de um coração sincero em busca de redenção.

 Feliz 2016.













 






   

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Religiosidade líquida






       











               Zygmunt Bauman é um sociólogo de ascendência judaica nascido na polônia com larga reputação e grande produtividade intelectual em todo o mundo, que lendo a evolução das sociedades humanas através da história, percebeu a ausência de substância e consistência nas atuais relações interpessoais, um movimento de abandono dos valores coletivos e uma forma de viver a vida mais pela intensidade e pelo volume em diversidade  em detrimento da longevidade, e, para tal, cunhou a metáfora "mundo líquido". Neste mundo, as pessoas são tratadas como objetos e inexiste a disposição de formação de círculos de amizades ou comunidades de afeto mútuo; esta 'coisificação' das pessoas, oferece-lhes a mesma estabilidade dos produtos que a cada dia descartamos com mais voracidade. Na "modernidade líquida", título de um de seus livros, Bauman escancara com clareza e elegância filosófica a estrutura social do mundo moderno ou pós-moderno onde subjetividade, individualismo, relativismo são as vozes predominantes e o meu direito que outrora ia até o início do direito alheio, agora também e primordialmente constrói uma barreira de separação, as vezes por temor mútuo, desconfiança ou preconceitos primitivos. A metáfora da liquidez refletindo um pensamento anterior, sentencia claramente, tudo que não é sólido, se desmancha no ar., tudo que não tem consistência, logo se esvai.
                A metáfora da liquidez de Bauman infelizmente encontra acolhida e eco também na mentalidade cristã pós-moderna, porque esta, também submeteu a sua origem e inspiração bíblica à relativização de uma releitura e de reinterpretação; porque a Bíblia como farol e bússola do cristão concorre em posição de inferioridade com uma filosofia eclesiástica barata revestida de prosperidade e autoestima, uma visão do criador em função da criatura; os pastores do rebanho de Cristo se apoderaram das ovelhas com a fúria de lobos devoradores. Não estranho portanto, encontrarmos uma cristandade avulsa à mensagem real de Cristo e uma nova forma de exercício da fé compartimentada e de interesses pessoais. Cristo para o homem pós-moderno é uma propriedade subordinada ao indivíduo submisso geograficamente e em potencialidade, ele tem pertencimento onde e no alcance que lhe é permitido.
                  Jesus Cristo utilizou a metáfora da semente que cai em terra produtiva para referir-se aos crentes que permaneceriam firmes na fé e que dariam frutos mesmo em face das contenções do mundo, mas, é incerto o futuro daqueles com quem nos relacionamos em nossas comunidades de fé e talvez até de nós mesmos, se por conveniência social ou por fraqueza moral diminuímos ou omitimos nossa crença, nos justificamos em face do questionamento alheio, (sou cristão sim, mas, sou diferente do convencional, reconheço a legitimidade do aborto, da união homoafetiva, da liberdade sexual e outros)  ou pior, assentamo-nos na roda dos escarnecedores para evitar o "constrangimento" de nos revelarmos cristãos. Em face da crise de relevância social que o cristianismo vive atualmente, crise esta provocada por fraquezas de seus próprios adeptos, sentimos uma tendência pessimista ao questionamento de Jesus: "...Quando o Filho do Homem vier encontrará fé na terra?_ Quando falamos de crise de relevância do cristianismo, chamamos atenção para a queda de representatividade da fé cristã na sociedade, sobretudo no período que decorre da Reforma Protestante até hoje; o quanto de cristianismo foi retirado e deixou de ser refletido nas leis, nas instituições e no pensamento humano. A cada dia, torna-se mais improvável repetirmos fenômenos como Martinho Lutero, João Calvino, Jonathan Edwards, George Whitefield e outros, ainda que a situação e o ambiente que os propiciaram, sejam assemelhados ou piores. Cabe o questionamento se as diferenças que caracterizam o nosso distanciamento desses grandes soldados da fé está mais na providência de Deus em assim torná-los e a disposição diligente deles em se fazer merecedores, ou, mais em nossa propensão para a mediocridade e o contingenciamento do Espírito que nossas ações providenciaram.
                Talvez devamos aceitar uma outra incidência consequente da modernidade líquida identificado por Bauman; Hoje recebemos todos uma torrente de informação através das mais diversas mídias proporcionadas pela tecnologia, e, as confundimos com formação, formação intelectual. O homem mediano de hoje tem acesso no período de um ano, a muito mais informação que a maioria dos grandes pensadores anteriores à modernidade tiveram em toda a sua vida, mas, isto não faz dos primeiros nem a mais medíocre sombra destes ultimos quanto ao conhecimento e a sabedoria. Voltando-nos para a vida cristã, a forma e a conduta de vida que possibilitou pregadores como João Crisóstomo ou como Spurgeon parece não ter mais espaço no cotidiano acelerado de hoje com suas obrigações relacionais e dietas de uso saudável do tempo. Estamos rendidos ás demandas de tal forma que não importa por exemplo, quantos livros leiamos, quantos congressos e conferências realizemos e quantas especializações façamos, no final apenas amontoamos conteúdo volátil e de breve validade. Aqueles grandes mestres que nos inspiram não apenas mantiveram o foco em seus objetos de estudo, eles viveram aquilo que nos legaram; sem negar jamais a iluminação divina sobre eles, a Palavra de Deus foi para eles tão essencial como o fôlego de suas vidas.
                 De toda forma, não devemos nos assombrar ou lançar imprecações contra os avanços da modernidade ou pós-modernidade pelo fato de nos faltar a destreza de compreendê-los e usá-los em favor do Evangelho uma vez que precisamos antes de tudo promover em nós mesmos o conhecimento de nós mesmos (somos pecadores regenerados destinados à glória de Cristo, mas, somos ainda compulsivamente falíveis), para só depois, situarmo-nos num ponto de equilíbrio entre a modernidade do mundo e as tradições imutáveis da fé bíblica. Creio que será saudável e profícuo substituir os engessamentos litúrgicos e rituais por uma agilidade que provoque movimentação e diálogo mesmo no decurso de certos momentos da celebração aos quais estamos mais acostumados, numa forma que combine espontaneidade e ordem e que se mova  em unidade para o alvo da adoração, que toda ação e pensamento seja para a glória de Deus.
               É necessária uma doação mais intensa e integral da igreja à um culto vivo e vivificador para resgatar ou capturar dos vícios modernos (egoísmo, hedonismo, autossuficiência aquele membro nominal da igreja que não atenta ao serviço religioso, nem lembra qualquer fato ou tema desenvolvido na ultima reunião; promover o envolvimento daquele que se enclausura em um mundo a parte, porque enxerga hipocrisia no seu próximo e adota o isolamento como terapêutica; para reunir toda uma comunidade de fé em torno do Evangelho autêntico é necessário a humilhação do intelecto no todo da igreja em torno da Verdade, e, para isto, a Verdade precisa ser algo ao mesmo tempo inexplicável e crível, precisa envolver temor e esperança. Tais potencialidades só são encontradas na textualidade casta do Evangelho. A história da humanidade prova que a crença, a fé é a mais forte e a única força da qual o homem não consegue abrir mão. Se Deus lhe deixa de ser algo verossímil, o homem colocará algo, uma idéia, um elemento fenomenológico ou alguém em seu lugar, para suprir a lacuna deixada por Deus.
              Hoje existe um vasto "mercado de divindades" à disposição do homem, dos quais se destaca o esoterismo oriúndo do Oriente, mas, o que o põe em ênfase é uma ausência do tolhimento das vontades individuais e a autodeterminação, o que o torna semelhante a tantos outros movimentos de época cíclicos e repetitivos já vividos. Em síntese, o homem continua lutando por independência e liberdades, mas ele nunca deixa de buscar o conforto e o refrigério para o espírito. Então, a modernidade não traz novos adversários à proclamação e caminhada  cristã,  apenas reveste-se de novas maneiras, novas cores. Penso que a luta pela simples obstinação contra a modernidade dos costumes, cultura e dos formatos sociais é uma contenda inglória que nos arranca forças e tempo sem efeito. Também não devemos sob hipótese nenhuma, sacrificar o testemunho cristão para conquistarmos atualidade. Muito mais prudente e de eficácia comprovada, é oferecermos uma pregação e uma liturgia igualmente saudáveis para a transformação de libertação do pecado, encarando-os da forma como este hoje se apresenta, sem atentarmos tanto para formatos exteriores que em nada comprometem ou diminuem a adoração individual e mais ferem às nossas predileções. Se meu vizinho no banco da igreja usa brincos ou possui tatuagens e anda desgrenhado, isso em nada me torna imediatamente mais 'santo', uma imagem exterior nem sempre reflete-se igual por dentro; não devemos nos permitir ser um embaraço para a entrada à igreja de marginalizados em busca de acolhida momentânea ou já sob a soberana providência de Deus, em busca  de regeneração. Por mais que isso nos desafie a tolerância e preconceitos, miseráveis, dependentes químicos, promíscuos e homossexuais.  O fato de seus pecados serem mais visíveis que outros não os torna piores, e, a forma como os acolhemos e os tratamos, expõe de forma mais flagrante o caráter cristão e a relevância da igreja. A tarefa de denúncia do pecado e da oferta de salvação de Deus por Cristo, deve andar em sintonia fina com o amor prático e latente da igreja. 
                 Por fim, para enfrentar a crise de liquidez que atinge a igreja ou a própria fé cristã, não se faz necessário adaptá-la aos supérfluos sabores humanos, se reinventando a cada instante, isso a igualará a produtos religiosos expostos na prateleira de vaidades do homem. A oferta de acolhida e purificação da igreja não tem sua atração ou poder em si mesma, ela vem de Deus, que formou o homem e teceu-lhe a alma com uma especial distinção das demais criaturas que só Ele mesmo compreende e governa exaustiva e soberanamente, num instante mais que surpreendente Ele nos provará a fidelidade de sua Palavra ao dobrar os joelhos do mais recalcitrante pecador.













*O enfoque deste texto e  a forma como ele desenvolve algumas de suas provocações reformistas, está localizado em uma igreja onde não se consegue mais estabelecer os padrões clássicos e conservadores de liturgia e culto.
         







sábado, 5 de dezembro de 2015

Meditari

                
 Música para adoradores do Cristo vivo

                 




                 A música cristã contemporânea no Brasil muito embora seja bem mais conhecida por nomes de grande vulto e influências dissonantes da mensagem do Evangelho de Jesus Cristo _ influência esta que se traduz numa compreensão e conduta igualmente equivocadas de quem a toma por norte para a adoração_ , guarda ainda um abundante número de representantes que a praticam com dignidade e sentido dignos da mensagem de salvação; compositores e músicos que além de refletirem em seus trabalhos a Palavra revelada nas Escrituras com integridade e decência, oferecem uma música de acurada qualidade técnica e artística que vão muito além dos 'jingles' e repetições enfadonhas em voga. 
                 É verdade que se nos ativermos às prateleiras e gôndolas das grandes lojas e aos catálogos mais populares, só encontraremos aqueles nomes mais celebrados pela indústria consumista gospel, os mesmos que quase em sua maioria absoluta, nada contribuem para um bom comportamento de adoração por meio da música, tanto quanto nada contribuem para apresentar ao mundo o produto com uma determinada origem cristã como algo que cative a atenção dos apreciadores de boa música. Minha intenção não é abrir aqui  um campo, meio de confronto entre música secular e musica cristã, nem de música como bom produto artístico contra música com menor qualidade artística. Entretanto, não podemos esquecer primeiro que a arte em suas mais variadas formas de expressão, e a música não constituiu exceção,   foi outrora (até o fim da idade média) um patrimônio patrocinado e produzido pela cristandade, e , por uma série de fatores, nos quais se inclui a omissão do artista cristão, isso se perdeu. Não podemos esquecer também, que para Deus o nosso tributo de louvor, a nossa oferta de adoração devemos dispor do melhor que pudermos entregá-lo, o melhor em beleza , qualidade e integridade.
                 A aba Meditari pretende hoje oferecer aos seus leitores uma pequena indicação de alguns muito bons exemplos da melhor música contemporânea de origem cristã no Brasil, que estão em plena produção e atividade. Sem a intenção de querer confrontar a música  à qual você está familiarizado ou constitui sua preferência, incentivo-o a ouvir e considerar com atenção a música e a mensagem nela impressa, não somente os vídeos aqui postados, mas, as muitas playlists dos artistas em referência que estão abundantemente disponíveis no YouTube. Acredito sinceramente, que além de aqui conter uma excelente miscelânea de ritmos e estilos que incluem o samba, a bossa, rock e outros, a música irá conduzir-lhe mentalmente à um lugar de contemplação da graça de Deus que muito lhe trará paz e mansidão.

Fim de tarde no portão/
/Stênio Marcius

 
Fim de tarde no portão
A cabeça branca ao relento
Teimosia de paixão
Faz das cinzas renascer alento

Na estrada o seu olhar
Procurando um vulto conhecido
Espera um dia abraçar
Quem diziam já estar perdido

O seu amor é tão forte
Mais que o inferno e a morte
São torrentes que arrebentam o chão
Mais fácil secar os mares
Apagar a estrela antares
Que arrancar o amor de seu coração
Fim de tarde se debruça no portão

Mas um dia aconteceu
E o moço retornou mendigo
O pai depressa correu
E abraçou o filho tão querido

Tragam roupas e o anel
Calcem logo os seus pés, milagre!
Vinho do melhor tonel
Tanta alegria em mim não cabe

O seu amor é tão forte.....
Fim de tarde está deserto o portão



Rei do Universo/
/ Gladir Cabral

 
Rei do Universo
Deus de toda vida
Luz de um claro dia
Ouve a minha oração

Criador bendito
Moras no infinito
Vasto e tão bonito
Mas estás, eu sei que estás
Perto de mim
Dentro do coração
E assim
Posso contar contigo
Onde quer que eu estiver
Pois sei
Que o teu amor
Vai muito além
Do infinito
Do teu ser
E vem ao meu encontro

Rei do Universo
Deus da minha vida
Ouve esta cantiga
Feita para o Teu louvor
Tua poesia
Tua melodia
Tua harmonia
É muito mais
E sempre mais
Do que se pode ousar imaginar
E vai além do entendimento
Ou do meu sentimento
És meu criador
Fonte e raiz
Ilumina a minha alma
És e serás sempre

Rei do Universo
Deus da minha vida
Rei do Universo
Ouve essa cantiga
Rei do Universo
Deus da minha vida
Rei do Universo
Ouve essa cantiga


Adorador/
/ Jorge Camargo

 
Esta canção é só para Ti
Tu és o motivo primeiro
Do meu louvor, da adoração
Do meu amor mais sincero
Levanto minhas mãos no santuário
Elevo minha voz para cantar
De toda Tua glória e majestade
E graça, que me fazem declarar

Tu és o meu Senhor (és o meu Rei)
A Teus pés estou (prostrado, ó Deus)
Eu quero te servir (com o que sou)
Como adorador (adorador)
Como adorador (adorador)

Levanto minhas mãos...



Redenção/
Projeto Sola


 
Vivo hoje estou aqui
Pois ele decidiu me amar
E então eu posso livre andar

O seu sangue sobre mim
Me comprou me restaurou
Sem culpa então me tornou

O passado já não mais tem poder pois novo sou
Nele vou viver, posso amar
Toda morte e o sofrer não me assustarão jamais
Pois foi ele quem venceu em meu lugar

Jesus cristo rei dos reis
Nos trouxe a redenção
A esperança retornou
Graça e paz nos revelou

Vivo hoje estou aqui
Pois ele decidiu me amar
E então eu posso livre andar

O seu sangue sobre mim
Me comprou me restaurou
Sem culpa então me tornou

O passado já não mais tem poder pois novo sou
Nele vou viver, posso amar
Toda morte e o sofrer não me assustarão jamais
Pois foi ele quem venceu em meu lugar

Tudo entregar, vou me render, aos seus pés vou me lançar (6x)

O passado já não mais tem poder pois novo sou
Nele vou viver, posso amar
Toda morte e o sofrer não me assustarão jamais
Pois foi ele quem venceu em meu lugar

Jesus cristo rei dos reis
Nos trouxe a redenção
A esperança retornou
Graça e paz nos revelou



 Para conferir o vídeo com versão acústica desta música e de outras, busque o canal do Projeto Sola 
no YouTube, ou:
 https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=ljUhhNeVrCU


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Adulteração espiritual







 
Detalhe de escultura representando Oséias, profeta que pregou contra o adultério de Israel







              O adultério é uma praga lastimável que corrói os relacionamentos ao ponto de provocar inimizades, separação e morte. Quando se o menciona, somos tentados a imediatamente pensarmos nos relacionamentos humanos, traições entre cônjuges, uma vez que a relativização das coisas e dos valores tem diminuído drasticamente a importância do casamento e a santidade do leito conjugal. Mas Tiago, o irmão do Senhor, refere-se no versículo 4 do quarto capítulo da carta a ele atribuída, à um adultério ainda mais perigoso, o adultério espiritual. Quando convertidos à Cristo se entregam sem freio ou pudor, aos deleites e prazeres do mundo, e, colocam a esse mundo em condição e relevância superior a Deus; ao Deus que afirmam crer. 
              Não é o Mundo,; o gigantesco planeta criado por Deus e a essa existência nossa de deveres médios, o alvo das palavras do "apóstolo" aqui. Mas, o sistema operante no mundo que sim, jaz no maligno e que não pode nos absorver como amigos, se é que para Cristo somos amigos. A palavra de Deus afirma explicitamente em Mateus 6.24, que é impossível servir/agradar a dois senhores, mas é flagrante e alarmante o quanto o cristianismo está submerso em idolatria. O cristianismo sem escolha de identidade denominacional ou nicho, em sua absurda maioria os cristãos pós-modernos ostentam sem qualquer receio ou constrangimento um vasto leque de ídolos e os dedicam uma atenção, um tempo e um louvor que minam quase por completo uma tímida lembrança do Cristo Salvador em seus atos e planos; não podemos entretanto, nos permitirmos ser demovidos das abundantes sentenças bíblicas lembrando-nos do zelo do Senhor em nos ter por propriedades exclusivas suas, pois qualquer coisa que extrapole a trindade não pode receber de nossa espiritualidade abrigo ou afeto. O mundo com certeza entende a tudo isto como fundamentalismo retrógrado e ignorante, mas, desse mesmo mundo, já fomos resgatados quando estávamos mortos em nossos pecados, e o fomos, o pagamento de alto preço. Então, sabemos bem quais os fundamentos que predominam em cada lado, para não mais sucumbirmos ao chamariz do pecado para nos afastar de Cristo.
              Espanto maior que não surpreende, é o fato de que os cristãos não manifestam fascínio apenas por ídolos seculares. Em verdade, a igreja moderna já providenciou ou gerou, os ídolos de dentro. A idolatria gospel é um movimento bastante amplo, diverso e dinâmico. No panteão dos ídolos dos altares e púlpitos pode-se escolher o cantor, o pregador, o teólogo escritor, o método e a estratégia, a HERESIA e muito mais, todos ao gosto do cliente, assim, cada um pode referendá-lo como sumo intérprete e modelo para sua vida.. Mas, onde está a presença e o aroma de Cristo nessa pessoa? _Uma parcela significativa dos cristãos faz mais questão de esconder qualquer evidência de Cristo, diante das pessoas com as quais mantêm relacionamentos. Vergonha? temor? covardia? ou  estratégia para preservar o meio onde manifesta o seu adultério espiritual?_Sem dúvidas, é certo que a forma como cada um compreende e vive o mundo e a si mesmo apartir de Cristo, isso vai determinar como ela recebeu o seu dom gratúito e como ela é povo de Deus.
               Precisamos permanente e radicalmente emanar flúidos da presença graciosa e amável de Cristo de dentro de nós. O apóstolo Paulo em sua epístola aos filipenses (a carta da alegria), exorta os cristãos daquela igreja a forma que Deus prescreve para a vida em harmonia com Cristo, com as Escrituras e com o Corpo de Cristo na terra, tais instruções são válidas para nós também que desejamos o mesmo: "... Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto,  tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês." Filipenses; 4: 8 e 9_ Não cabe em hipótese alguma o argumento leviano de que as verdades aprendidas na Bíblia podem ser reinventadas, e os costumes rejuvenescídos para esse novo cenário pós-moderno, isso é relativização; o ser interior tem de ser também percebido externamente pois, Cristo não é um tesouro a ser sufocado dentro de alguém e impedido de ser apresentado para aqueles que o desconhecem e dele  quase sempre sem saber, desesperadamente necessitam. Quando alguém afirma que tem a Cristo, mas não produz evidências disso, precisa no mínimo, voltar sua mente e seu coração para os tempos em que Ele representava uma paz que não se explicava, uma alegria que preenchia e uma motivação que não se cansava_ uma meditação profunda que produza a sensação de reconciliação pessoal com Cristo produzirá também a certeza tranquila de que não só se tem a Cristo, mas que Ele também o guarda.
              O Cristo que venceu a morte na cruz fez o que nenhum ídolo jamais podería ou pode fazer; o que Ele fez, foi de forma pública externando um incomparável por pecadores que muitas vezes parecem envergonhar-se dEle. É tempo de  REMOVER OS ÍDOLOS do coração, se achegarem a Deus e reconhecer a Cristo como o seu único e suficiente Senhor. 



"Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que pedir a razão da esperança que há em vocês." 1 Pedro: 3: 15.
 

sábado, 21 de novembro de 2015

Meditari

Confissões de Agostinho de Hipona
A ve

Pintura que retrata uma das mais universalmente conhecidas 'histórias' sobre Agostinho. - O anjo e a Santíssima Trindade.


Deus tudo penetra
                 'Para vós, Senhor a cujos olhos está patente o abismo da consciência humana, que haveria em mim oculto, ainda que vo-Lo não quisesse confessar? Poder-Vos ia ocultar a mim mesmo, mas não poderia esconder-me de Vós. Agora que os meus gemidos são testemunhas de que me desagrado, Vós iluminais-me, agradais-me, e eu de tal modo Vos amo e desejo que já me envergonho de mim.
                 Desprezo e escolho-Vos. Só por vosso amor desejo agradar-Vos a Vós e a mim.
                 Senhor, conheceis-me tal como sou. Já Vos disse com que fruto me vou confessando a Vós. Não Vos faço esta confissão com palavras e vozes de carne, mas com palavras da alma e gritos do pensamento, que Vossos ouvidos  já conhecem. Quando sou mau, o confessar-me a a Vós só significa que não atribuo nada a mim, porque abençoais, Senhor, o  justo mas antes o justificais da impiedade. Assim, ó meu Deus, a confissão que faço da vossa presença é e não é em silêncio. É em silêncio quanto as palavras; mas é em clamor quanto aos afetos. Nenhuma verdade digo aos homens que Vós já antes ma não tenhais ouvido. Nem me ouvis nada que já antes mo não tivésseis dito.'     


O orgulho

               'Terei também essa miséria como desprezível? Haverá algo que possa restituir-me a esperança, a não ser tua conhecida misericórdia, que começou a me transformar? Sabes o quanto já me transformaste; curaste-me primeiro da paixão da vingança, para perdoar-me também todos meus pecados, curar minhas fraquezas, resgatar minha vida da corrupção, conservar-me na piedade e misericórdia, e saciar dos teus bens meu desejo. Derrubaste meu orgulho pelo temor, dobrando minha cerviz a teu jugo. Agora eu trago o teu jugo, e o sinto suave, como prometeste e

cumpriste. Na verdade, teu jugo já era suave, mas eu não o sabia quando receava tomá-lo sobre mim.

               Mas, Senhor, tu és o único que sabe mandar sem orgulho, porque és o único Senhor verdadeiro, que não tem senhor! Diga-me, terá cessado em mim, se isso pode acontecer nesta vida, esta terceira espécie de tentação, que consiste em querer ser temido e amado pelos homens, com o único fim de obter uma alegria que não é alegria? Que vida miserável, que arrogância indigna! Aí está o principal motivo porque não te amamos e tememos piamente. Por isso resistes aos soberbos, enquanto dás tua graça aos humildes. Trovejas contra as ambições do mundo, e faz abalar as montanhas até suas raízes.

               Ora, como é necessário, para se adequar à sociedade, fazer-se amar e temer pelos homens, o inimigo de nossa verdadeira felicidade nos alicia, e por toda parte semeia seus laços gritando: “Bravo! Muito bem!” – para que, ávidos, recolhamos as lisonjas e nos deixemos incautamente enredar. Seu intento é que deixemos de encontrar nossa alegria na verdade, para buscá-la na mentira dos homens; estimula em nós o prazer em nos fazer temer e amar, não pelo teu amor, mas em teu lugar. Com isso nos tornamos semelhantes a ele, não unidos na caridade, mas partilhando de suas penas. Ele quis fixar sua morada no aquilão (vento gelado do norte), para

que nós, nas trevas e no frio, servíssemos o perverso e sinuoso imitador de teu poder.

Nós, Senhor, somos teu pequeno rebanho: sê nosso dono. Estende tuas asas, para nosso refúgio. Sê nossa glória; que nos amem por tua causa, e que tua palavra seja observada por nós.

               Quem busca o louvor dos homens, quando tu o r

eprovas, não será por estes defendido quando o julgares, nem poderá subtrair á tua condenação. Mas quando não se louva um pecados pelos desejos de sua alma, nem se abençoa quem pratica iniqüidades, mas te louva um homem pelos dons que lhe concedeste, se ele se compraz mais no louvor do que no dom que lhe atrai os

louvores, tu o reprovas, a despeito dos louvores que recebe dos homens. E quem o louva é melhor do que é louvado, porque um se agradou com o dom de Deus, e o outro alegrou-se com o dom do homem'



O peso do amor
 
                Mas o Pai e o Filho, não pairavam também sobre as águas? Se os imaginamos como um corpo pairando no espaço, isso não se pode aplicar nem mesmo ao Espírito Santo. Se porém entendermos por isso a excelência imutável da divindade acima de tudo o que é transitório, então o Pai, o Filho e o Espírito Santo pairavam igualmente sobre as águas. E por que só se menciona o Espírito Santo? Por que se menciona apenas a seu respeito um lugar onde estava, ele que, no

entanto, não ocupa espaço? Também apenas dele se disse que era um dom de Deus, e é em teu dom que repousamos; é nele que gozamos de ti. Nosso repouso é nosso lugar. É para lá que o amor nos arrebata, e teu Espírito levanta nossa humildade para longe das portas da morte.

               A paz, para nós, reside na tua boa vontade. Os corpos tendem, por seu peso, para o lugar que lhes é próprio; mas um peso não tende só para baixo; tende para o lugar que lhe é próprio. O fogo sobe, a pedra cai. Cada um é movido por seu peso, e tende para seu justo lugar. O óleo, lançado à água, flutua; a água, lançada ao óleo, afunda. Ambos são impelidos por seu peso a procurarem o lugar que lhes é próprio. As coisas que não estão em seu lugar se agitam; mas quando o encontram, repousam.

               Meu peso é meu amor; para onde quer que eu vá, é ele quem me leva. Teu dom nos inflama e nos eleva; ardemos e partimos. Subimos os degraus do coração e cantamos o cântico gradual. É o teu fogo, o teu fogo benfazejo que nos consome e nos eleva, enquanto subimos para a paz de Jerusalém celeste. Regozijei-me ao ouvir essas palavras: “Vamos para a casa do Senhor!” – Ali nos há de instalar tua boa vontade, e não desejaremos nada mais do que permanecer ali eternamente.




 A verdadeira felicidade

               'Longe de mim, longe do coração de teu servo, Senhor, que a ti se confessa, a idéia de encontrar a felicidade não importa em que alegria! A felicidade é uma alegria que não é concedida aos ímpios, mas àqueles que te servem por puro amor: tu és essa alegria! Alegrar-se de ti, em ti e por ti: isso é felicidade. E não há outra. Os que imaginam outra felicidade, apegam-se a uma alegria que não é a verdadeira. Contudo, sempre há uma imagem da alegria da qual sua vontade
não se afasta.'

Felicidade e verdade

                  'Poderemos então concluir que nem todos desejam ser felizes, pois há aqueles que não querem buscar em ti sua alegria, tu que és a única felicidade? Ou talvez todos a queiram, mas, como a carne combate contra o espírito, e o espírito contra a carne, e com isso se contentam.
Porque não querem com força bastante aquilo que não podem, para obtê-lo. Pergunto a todos se preferem encontrar a alegria na verdade ou no erro; ninguém hesita em declarar que preferem a verdade, como em dizer que querem ser felizes. É que a felicidade é a alegria que provém da verdade. E essa alegria é a que nasce de ti, que és a própria Verdade, ó meu Deus, minha luz, saúde de meu rosto! Todos querem essa vida, a única feliz, essa alegria que se origina na verdade.
                  Encontrei muitos que gostam de enganar, mas ninguém que quisesse ser enganado. Onde, então, conheceram a felicidade, senão onde conheceram a verdade? Visto que não querem ser enganados, também amam a verdade, e desde que amam a felicidade, que nada mais é que a alegria proveniente da verdade, certamente também amam a verdade; e não a amariam se não retivessem dela, na sua memória, alguma noção. Por que, então, não se alegram com ela? Por
que não são felizes? Porque se empolgam demais com outras coisas, que os tornam mais infelizes do que a verdade, de que se recordam fracamente, e que os faria felizes.
                 Há ainda um pouco de luz entre os homens: caminhem, caminhem, para que as trevas não os surpreendam. Mas por que a verdade gera o ódio? Por que os homens olham como inimigo aquele que a prega em teu nome, uma vez que amam a felicidade, que mais não é que a alegria nascida da verdade? Talvez por amarem a verdade de tal modo que tudo de diferente que amam, querem que seja verdade; e, não admitindo ser enganados, também não querem ser convencidos de seu erro. Desse modo, detestam a verdade por amarem aquilo que tomam pela verdade. Amam-na quando ela brilha, mas odeiam-na quando os repreende e como não querem ser enganados, mas enganar, eles a amam quando ela se manifesta, mas a odeiam quando ela os denuncia. Porém ela os castiga; não querem ser descobertos pela verdade, mas esta os denuncia, sem que por isso se manifeste a eles. É assim o coração do homem! Cego e lerdo, torpe e indecente: quer permanecer oculto, mas não quer que nada lhe seja ocultado. Em castigo, sucede-lhe o contrário: não consegue esconder-se da verdade, enquanto esta lhe continua oculta. Contudo, apesar de tão infeliz, prefere encontrar alegrias na verdade que no erro.
               Será, portanto, feliz quando, livre de perturbações, se alegrar somente na Verdade, origem de tudo o que é verdadeiro.'

Solilóquio de amor

              'Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro de mim, e eu lá fora, a te procurar! Eu, disforme, me atirava à beleza das formas que criaste. Estavas comigo, e eu não estava em ti. Retinham-me longe de ti aquilo que nem existiria se não existisse em ti. Tu me chamaste, gritaste por mim, e venceste minha surdez. Brilhaste, e teu esplendor afugentou minha cegueira. Exalaste teu perfume, respirei-o, e suspiro por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e o desejo de tua paz me inflama.'   


Fonte bibliográfica de suporte: As confissões, Santo Agostinho/ Os pensadores. Editora Nova Cultural