O Espírito Santo é o pedagogo dos mistérios da fé cristã
( II de II )
Ilustração que retrata uma perspectiva dos eventos do Pentecostes descritos no livro dos Atos dos apóstolos |
O que aprendemos como matéria de fé e de ordenamento histórico-bibliográfico com a ressurreição e ascensão de Cristo é que a sequência prenunciada do plano de Deus em seu relacionamento com o homem e sua participação visível na história se têm cumprido de forma infalível, e através do advento, o Espírito Santo vem como a voz ativa do arquiteto final da construção da grande Igreja de Deus, falando diretamente aos corações dos homens a quem Deus escolheu desde antes da fundação do mundo. Para o teólogo Sinclair Ferguson, "A correlação entre a ascensão de Cristo e a descida do Espírito Santo assinala que o dom e os dons do Espírito servem como a manifestação externa do triunfo e entronização de Cristo. Paulo sublinha esta verdade com a citação do Salmo 68.18, em Efésios 4.7-8: 'quando Ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens.' O derramamento desses dons do Espírito marca a ruína dos inimigos de Cristo e o início da igreja ( Mt 16.18 ). [...] dons do Espírito são dados para equipar o povo de Deus e capacitá-lo a pôr em evidência a glória de Deus, a plenitude de Cristo, no templo de Deus (Ef 4. 12, 16). Cristo assim adorna sua esposa, seu corpo". Não há dúvidas de que o grande 'desejo' de Deus é que os seus o conheçam, que conheçam sua Palavra e Revelação. O Espírito Santo é o artífice desse remate na mente do homem. O seu dom E os seus dons são sobretudo manifestações do conhecimento de Deus quando observados em seres restaurados. A maior atribuição ou mais justa que pode ser conferida ao Espírito Santo, é a de o Grande pedagogo da fé cristã. Até mesmo o seu prenome, o Consolador (por conseguinte, sua atuação), no seu sentido original aponta para o encorajamento, para o fortalecimento e convicção, qualidades próprias àqueles que estão firmados através de um conhecimento de verdade plena.
Ações do Espírito Santo que mostram
sua função de pedagogo
·
O
Espírito Santo nos orienta em nossos planos e movimentos missionários, em
consonância com Deus, assim como foi com Filipe na estrada deserta entre
Jerusalém e Gaza (Atos dos apóstolos= do Espírito Santo, 8. 25-40). O anjo do
Senhor (no pensamento judaico, uma manifestação do próprio Espírito) ordenou a
Filipe que fosse até o tal lugar e ao lá chegar, o próprio Espírito Santo
falou-lhe orientando-o acerca da missão para a qual fora enviado; Ensinar ao
importante representante do reino da Etiópia a mensagem do livro de Isaias que
até então ele não compreendia. Cabe aqui destacar a característica desbravadora
que o Evangelho viria a alcançar através do testemunho daquele homem piedoso,
mas que desconhecia o pleno cumprimento das profecias daquele livro. E é certo
que aquele homem desempenharia papel de importância na propagação do Evangelho,
a nossa desconfiança acerca disso parte as vezes da nossa atitude de esperar
dos outros o papel de testemunhar de Cristo, mas , aquele oficial egípcio foi
cheio de gozo e do Espírito. Sem dúvidas ele pregou a Boa Nova na Etiópia.
·
O
Espírito Santo é o intérprete da Palavra de Deus para todas as consciências
cheias de dúvidas e tomadas de incertezas ( 1 Coríntios, 2. 11-16) e nisto, ele
atua de duas formas. Primeiro, ele decodifica questões que os mestres humanos
não conseguem nos transmitir de maneira que compreendamos, Ele nos abriu o
entendimento para aceitar a mensagem do Evangelho quando éramos ainda ímpios,
e, mesmo depois de sermos alcançados pela graça, ajuda-nos na compreensão do
texto sagrado fazendo com que o recebamos pronta e confiantemente como matéria
de fé (vide exemplos: natureza adâmica trindade, soberania de Deus e
responsabilidade humana, e glorificação.). Em verdade, o Espírito Santo,
realiza em nós, nos crentes, um milagre cotidiano que vem desde o instante em
que o recebemos.
Compreender ainda que de formas
distintas e em proporções distintas, e aceitar a PALAVRA da VERDADE como
um modelo a ser copiado*, um código a ser obedecido* e um alimento
para a esperança* , e não a loucura aos olhos do mundo que não a pode
discernir porque não têm o Espírito, é mais que um milagre sobrenatural que se
repete a todo momento, é também evidência do amor de Deus por cada um daqueles
a quem Ele chamou; evidência de que essa habitação do Espírito em cada um
crente é como que o penhor, a garantia de que ele não se rebelou contra a
Palavra, mesmo quando discordamos de algum procedimento da Igreja; a
compreensão e o acolhimento corretos da Verdade é sinal seguro do pertencimento
do crente ao Corpo de Cristo; o desigrejado e o membro de igreja disciplinado
não deve jamais ser considerado como um
caso perdido para a Igreja. Logo, assim
como o Espírito Santo habita em nós e orienta nossas ações específicas e gerais
no plano de Deus, devemos dar continuidade ao movimento do Corpo que vem por impulso
do próprio Espírito* (mediante os frutos
do Espírito, amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade,
mansidão e domínio-próprio = Gálatas, 5. 21 e 22) e celebrar a perfeita união da trindade
agindo mediante a trindade; Vivendo para a glória de Deus, mostrando o Cristo
ao mundo e orando no Espírito para que o mesmo abra olhos e ouvidos dos que
estão espiritualmente mortos.
_ Que não pareça-lhes
aqui que faço uma defesa daquele que está afastado da igreja e que relativizo o
seu pecado. É Claro que uma igreja saudável e teologicamente sã tem toda a
autonomia para administrar a disciplina bíblica e, isso deve ser tido como
aspecto da graça e não de juízo. Pois a própria Escritura diz isto em Hebreus.
12, 8 e 11, a disciplina da igreja como reflexo da disciplina de Deus primeiro
pode até parecer ruim, mas ao fim ela produzirá fruto de gozo. Conforme nos
alerta John Stott: discipulado e disciplina possuem a mesma raiz lingüística, o
que indica que ambas caminham lado a lado. Então, assim como um pai age com os
filhos, assim como Deus age com os seus filhos, a Igreja deve fazer com seus
membros em amor e sempre visando o aprimoramento deles.
·
Devemos
ressaltar que a Trindade é a vida da igreja na sua forma mais completa, e,
assim como não devemos diminuir qualquer uma das suas três pessoas, não podemos
conceber uma igreja onde só uma delas é celebrada com os mais altos louvores.
Uma igreja baseada em batismo e experiências extáticas no Espírito não honram o
propósito amplo de Deus de construir sua história com a humanidade com a glória
e o amor do pai, com a entrega sacrificial do Filho e com o próprio preenchimento
de fé definitivo do Espírito Santo. Também, é inconcebível que igrejas que se
detêm com profundidade no estudo e no conhecimento da Palavra, se constranjam
de clamar em seu favor e dizer com fé e entrega, Vinde, Espírito Santo.
O Teólogo Andreas J. Kostenberger
apresenta uma característica do Espírito Santo no Evangelho de João que deve
antes de tudo trazer alento e incentivo para a missão para a qual Cristo chamou
os crentes, o ide, o fazer discípulos do Caminho: “Há outra característica da
vinda do Espírito que é importante destacar. O Espírito que desceu sobre Jesus
“permanece sobre ele (1. 32,33). Essa afirmação é surpreendente. De acordo com
alguns textos do Segundo Templo, o Espírito Santo havia deixado Israel. Aliás,
na apresentação de João, “a permanência da unção de Jesus é sublinhada de forma
a contrastar diretamente com a transitoriedade de outras inspirações proféticas
na história de Israel”. Assim como a pomba depois do dilúvio tentou muitas
vezes até encontrar um lugar permanente de descanso (Gn 8.6-12) agora
também, no clímax da história de Israel,
O Espírito de Deus encontrou um lugar permanente de descanso e permanece no
Filho de Deus encarnado (1.32).
Essa permanência que caracteriza a presença
do Espírito em Jesus marcará posteriormente a concessão do Espírito por ele. No
discurso de despedida, Jesus promete a seus discípulos que o Espírito
permaneceria com eles para sempre (14. 16, 17). Em Jesus, e por meio dele, a
plenitude da bênção escatológica de Deus na pessoa do Espírito Santo chegou. E
veio para ficar.
Não há dúvidas de que uma igreja que
caminha em equilíbrio perfeito por dentro e para além de suas paredes é uma
comunidade que edifica permanentemente a
sua membresia e ao mesmo tempo propaga o Evangelho ao Mundo. Mas, sobretudo, a
Igreja não pode em momento algum, buscar escusas para sua omissão ou desprezo
pelo anúncio da Boa Nova aos não-crentes.
A Bíblia Sagrada não oferece nenhuma
espécie de subterfúgio para essa prostração que quando é levada a cabo pela
igreja é na verdade pecado contra a graça, contra o sacrifício de Cristo. A
igreja não pode ficar também paralisada diante da necessidade do mundo
procurando estratégias minuciosas e exatas por medo de não alcançar seu
objetivo. /// Se há lá fora pessoas sedentas pela mensagem de regeneração e
renovação que é a mensagem de Cristo, a igreja deve única e simplesmente ir. Ir
para fora, e levar-lhes o Pão da Vida. // Ainda mais que como calvinistas que
crêem na ação soberana de Deus, sabem todos aqui que entre todos os povos,
etnias e nações, Deus tem os seus eleitos, Deus tem os que Ele chamou, chama ou
chamará “das trevas para a sua maravilhosa Luz”. Portanto, dentre seus
vizinhos, dentre seus amigos, dentre seus familiares, dentre seus conterrâneos
e em todo lugar, alguém é um destes a quem Deus quer resgatar e salvar (Gl. 3
6-9). E, Ele o fará. Mas é certo que ele fará preferencialmente usando a sua
voz. Logo, o chamado ou mandamento para a igreja começa por cada indivíduo. A
igreja não realizará missões se seu povo não abrir seu coração e sua boca, se
não dobrar os joelhos e investir.