O Espírito Santo é o pedagogo dos mistérios da fé cristã
( I de II )
O batismo de Jesus Cristo por Gustave Doré |
Toda a trajetória do povo de Deus
descrita nas Escrituras Sagradas nos mostra sempre a presença d’Ele Deus
atuando pessoalmente ou comissionando a outro (s) o papel de mestre e de condutor
de seus escolhidos de forma a não sair por atalhos ou desvios de seu caminho e
ao mesmo tempo, compreender progressivamente a pessoa de Deus e seu plano tanto
para o mundo inteiro, quanto para cada indivíduo.
Dentre tantos, o texto de [Salmos 32,8_ Eu o instruirei e o
ensinarei no caminho que você deve seguir; eu o aconselharei e cuidarei de
você.] expressa de
maneira clara a atuação de Deus, o Pai como o guia confiável daquele que n’Ele
põe a sua fé. Da mesma forma, em todo o Antigo Testamento, há uma rica
sequência de textos onde manifestações teofânicas e angelicais, patriarcas,
juízes e profetas desempenham a função do magistério revelacional da Palavra de
Deus, por trás delas há uma pessoa divina que age em nome das três no sentido de fazer ao ser humano a mensagem inteligível; que a mensagem ultrapasse o linguajar e a expressão inefável e alcance a altura da humanidade.
Encontramos toda uma riqueza
textual que ao contemplarmos de nossa posição atual para o passado, parece-nos
que Israel, o povo de Deus, por toda a sua história de erros e acertos e por
sua posição privilegiada de guardião dos oráculos divinos de Deus deveria já
estar prontamente habilitado para compreender suficientemente a promessa do
Messias e acolher ao Cristo com altissonantes louvores a Deus. Por duas razões
não foi isso o que ocorreu, a dureza do coração humano em aceitar a orientação
de Deus em lugar de sua autonomia imediatista,
porém limitada, e, por fundamentos que o tempo e a sua dimensão nos guardam
como mistério. Jesus Cristo no entanto, através de seu sacrifício, mais que preenche o que era abismo de separação entre homem e Deus, ele também rasga o véu de separação entre o espírito humano e o Espírito de Deus ao abrir caminho para o παράκλητος - paráklētos.
Crede-me
que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas
obras. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as
obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para o meu Pai.
E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei para que o Pai seja glorificado
no Filho. Se pedirdes alguma coisa em
meu nome, eu o farei. Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei
ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador para que fique convosco para sempre. O
Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o
conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós. Não vos
deixarei órfãos; voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais,
mas vós me vereis; porque eu vivo e vós vivereis. Naquele dia, conhecereis que
estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu em vós. Aquele que tem os meus
mandamentos e os guarda, este é o que me ama, e aquele que me ama será amado de
meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele. Disse-lhe Judas (não o
Iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar a nós e não ao mundo?
Jesus respondeu e disse-lhe: Se alguém
me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e
faremos nele morada. Quem não me ama não guarda as minhas palavras; ora, a
palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou. Tenho-vos dito
isso, estando convosco. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu
nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho
dito.
João. 14:
11-26
Jesus Cristo Veio ao mundo e o mundo no entanto, não experimentou o Emanuel na sua plenitude,
poucos (em números relativos) o escutaram e seguiram seu ensinamento. E, mesmo
assim, aqueles que se mantiveram dentro do seu círculo mais próximo de amigos deram
provas vívidas de que não haviam de fato
o compreendido de maneira real e que despertasse uma fidelidade indissolúvel.
Um dos doze dele duvidou até tarde, outro quis tomar a condução de seu martírio voluntário e irrevogável, um pior,
roubava e o traiu entregando-o escandalosamente para a morte. Então, se no
ministério do próprio Cristo, reconhecido dignamente como o Mestre dos mestres,
ainda encontramos aspectos que mostram a incompletude da função de orientador
dos filhos de Deus em Cristo, somos levados (por ele mesmo) a crer que um outro
ainda virá em auxílio e para desempenhar de forma definitiva o ápice do
mentoriamento sobre seu povo, sobre sua igreja.
Este Consolador (manto, coberta... supracitado no Evangelho)
que vem para o auxílio da igreja e de cada membro em sua individualidade, é o
Espírito Santo, que vem em nome de
Jesus, ou seja, que vem como emissário
de Jesus Cristo assim como Jesus veio em
nome de Deus, seu Pai, como emissário de seu Pai como se verifica em v.c. 5, 43
e 10, 25. // D. A. Carson em seu comentário ao Evangelho de João argumenta acertadamente
a primeira função do Espírito Santo (depois de Jesus ser glorificado) era
lembrar aos discípulos do seu ensino, e assim, ajudá-los a entender seu
significado e ensinar a eles o que ele queria dizer. Exemplos desta ação podem
ser conferidos em v.c 2, 19-22; 12, 16;
cf. 20, 9. Carson afirma que esta promessa e função aplica-se para os
cristãos-testemunhas do primeiro século, em particular os discípulos do Senhor,
não querendo dizer necessariamente seriam reensinados pelo Espírito, mas que o Espírito preencheria a revelação
trazida por Jesus, fazendo com que eles alcançassem um correto e pleno
entendimento da verdade de Jesus Cristo.
Desta forma, (pela leitura do texto
destacado e por esta compreensão) sabemos que existe uma união harmônica e
indissolúvel dentro da trindade; que Deus através de suas três pessoas reais
elaborou um plano onde cada uma delas desempenha um papel histórico mais
proeminente sem que isso signifique o silêncio das demais; que o Pai é autor e
consumador de toda a vida, dos tempos e da eternidade; que Ele escreveu uma
história onde nós os que n’Ele cremos não somos poupados das dores do mundo,
nem privados dos sabores da vida pelo fato de termos sido alcançados por sua
graça, manifesta no Cristo. Mas que para Ele e sob a proteção d’Ele caminhamos
para a sua glória. A vitória final está consagrada./// Aprendemos que Jesus o Cristo é o Emanuel, o
mestre que pelo ensino e pelo exemplo nos tomou irresistivelmente para Ele e
n’Ele aprendemos a mais bela história até onde nossa mente e fé pode nos levar.
E por fim, aprendemos que o Espírito Santo veio como o filtro e o intérprete da
mensagem de Jesus aos nossos ouvidos, revelando-nos questões que não
entenderíamos através do uso de nossas faculdades e ciências, e ainda, dilatando
o nosso espírito e coração e aumentando a nossa fé.
O milagre das diversas
línguas (ou glossolalia) é um evento extremamente significativo da atuação do
Espírito Santo sobre o homem a quem Deus chama definitivamente para si. Os
discípulos então cheios do Espírito Santo começaram a falar as ‘maravilhas de
Deus’ e de forma sobrenatural a grande multidão de judeus que ali se
encontravam em razão da festa do Pentecostes, passou a entender-lhes cada um
conforme sua língua nativa. As aparentes “línguas de fogo” que pousaram sobre
os apóstolos certamente efetuaram neles um milagre que nos lembra as palavras
de João Batista (Lucas. 3, 16) e o batismo de juízo e purificação, mas, logo a
seguir, ocorre um milagre de proporções muito maiores: o processo de
entendimento da mensagem por parte da grande multidão representa a ação do
Espírito Santo como intérprete, o milagre ocorre sobre a audiência* que ouve e
entende a Palavra anunciada pelos discípulos/apóstolos. Isto nos ensina também que em
todas as vezes que este dom se repete (para quem crer em sua atualidade) se faz
necessária a presença do intérprete.
O Espírito Santo também
fala para Deus o que nós não conseguimos fazê-lo de maneira correta ou
inteligível e transforma nossa fraqueza (ou enfermidade) e incapacidade em
oração que agrada a Deus. O Espírito Intercede por nós de maneiras inefáveis quando
não conseguimos sequer articular sons conexos para Deus como se eles fossem uma oração em um idioma
estranho, o Espírito Santo leva-a a Deus e Ele entende a intenção do Espírito
e alcança para nós favor e a alegria de
Deus (Romanos. 8, 26 e 27).
Há um texto escrito em
linguagem poética, de James Montgomery
que expressa muito bem esse agir específico do Espírito:
“A oração é desejo
da alma,
quer expresso, quer não;
movimento de chamas ocultas,
que no peito estremecem.
A oração fardo é de um suspiro,
o cair de uma lágrima,
o relance do olhar para o alto,
quando só Deus está perto.”
*Esta afirmação não se refere ao ordenamento mecânico do milagre das línguas, é apenas uma construção literária.
Belo texto meu irmão, parabéns, que o Senhor te abençoe a cada dia mais.
ResponderExcluirObrigado, Irmão Rejgilanio, Deus conceda-lhe graça e abençoe sua família.
Excluirmuito bom irmão MARCIO;que Deus esteja sempre lhe dando sabedoria
ResponderExcluirMuito Obrigado irmão Miguel Angelo, Deus o abençoe e o instrua na missão.
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